quinta-feira, 26 de maio de 2011

Entrevistas - Brunner "Caru" Tesoureiro da AJS e Victoria Freitas

Quando começou a andar de skate?
Ando de skate desde a década de 80, quando os skates ainda eram do tipo tubarão, das marcas Pro-life e Cannion, mas nessa época meu skate era praticamente um carrinho de rolimã, porque eu só descia ladeiras sentado, rs.
Depois, em 93, montei outro skate e começei a andar mesmo direto com a turma do Bairro Poço Rico, de street e essa é a modalidade q eu mais pratico até hoje.

Quem influenciou?
Meus primos Felipe "Grilo" e Gustavo "Cabeça" já andavam antes de mim e quando eles vieram morar em JF eu tive maior contato com o skate. E também no Colégio Stella tinha um amigo, o Vitinho, q ia de skate para aula e eu aproveitava para andar no skate dele. 

Já participou de algum campeonato?
Sim, de alguns a nível amador, mas nunca foi o meu forte. Eu ficava muito nervoso na hora de competir e errava tudo. No único campeonato que eu passei pra final (em décimo/último finalista) no Clube Tupi por volta de 1997, não teve a final, por causa da chuva... 

Como você vê o skate em juiz de fora?
O skate hoje na cidade é preferência de boa parte dos jovens, a gente vê skaters a todo momento, em diversos locais e até como meio de transporte ele tem sido eficiente.

Hoje temos uma situação muito parecida com a época em que não tinhamos pistas de skate (antes de 1999). Por q hoje todas as pistas da cidade estão sem condições de uso e os skaters não tem um ponto de encontro/referência.

Mas a diferença hoje é q  o skate é muito bem visto, é queridinho da mídia e está até na rede Globo. Na década de 90, o skate era muito mal visto, andar de skate era quase um crime e a repressão era forte. Não podíamos andar em qualquer lugar, sob ameaça da Polícia Militar de apreensão dos skates e skatistas.

Em JF temos muitos skaters de alto nível, amadores com potencial de se profissionalizar, mas acho q falta um pouco de garra no pessoal. Muitos bons atletas ficam esperando as oportunidades caírem do céu e em JF elas nunca caem, rs.

Brunner Caru - Heel flip sobre o cavalete na antiga Praça Cívica da UFJF, onde atualmente é servidor federal. Foto: Frederick Martins

Como você vê o skate no Brasil?
O Brasil é o país dos guerreiros do skate, por q aqui é tudo muito precário. O jovem já inicia a sua vida num sistema educacional precário, e só desperta a sua consciência política mais tarde.

E as nossas cidades, com poucas exceções, não dão oportunidade para o skate. Na maioria delas não há sequer um espaço para a prática do esporte.
Mas os skatistas brasileiros enfrentam o preconceito, a falta de pistas e as pedras portuguesas das ruas com a maior garra possível. Apesar de todas estas dificuldades, temos diversos skaters de destaques em suas modalidades, com bons resultados em diversas competições nacionais.

Você acha que existe algum tipo de preconceito com quem anda de skate?
Ainda existe sim muito preconceito, mas acho q de 10 anos para cá isto tem diminuído significativamente. E acho que nós skaters temos papel fundamental com relação à imagem do skate. Costumo dizer aos skaters: Respeite para ser respeitado!

O que o skate representa pra você?
O skate é uma opção de vida. Antes de qualquer coisa é essencialmente diversão. Você começa a andar por brincadeira e só depois se dá conta de que está buscando uma evolução individual, buscando superar os seus limites e disputar competições. 
O skate também é um símbolo capaz de promover a interatividade social entre as diversas classes, por q com ele somos todos skatistas. Talvez sem o skate o moleque que mora no prédio de luxo na cidade nunca fosse conhecer ao outro skatista que mora lá no bairro pobre da cidade.


Entrevista por: 
Victor Marcelino - aluno da Faculdade de Comunicação da UFJF
Disciplina: Comunicação Comunitária
Profa Dra. Cláudia Lahni









ENTREVISTA COM VICTORIA FREITAS

Quando começou a andar de skate?
Comecei a andar de skate em 2004, aos 14 anos de idade. Ainda morava no norte de Minas, em Montes Claros e minha mãe tinha me dado um skate de presente de aniversário. Fiz algumas amizades com pessoas que já andavam e fui aprendendo aos poucos. 

Quem influenciou?
Na cidade onde eu morava antes de ir para Montes Claros não tinha ninguém que andava de skate. Acho que a influência maior veio da televisão, quando eu assistia aos campeonatos. Depois disso, a minha mãe comprou o skate e eu me apaixonei mais ainda pelo esporte.
Lembro-me que quando eu me mudei, tinha uma pista perto de casa e eu ia todos os dias para andar.

Já participou de campeonatos?
Nunca participei de campeonatos. Dificilmente tem a categoria feminina e eu sempre tive receio de participar nas outras categorias. Além disso, sempre fui muito tímida e nervosa com esse tipo de coisa.

Onde costuma andar aqui em Juiz de Fora?
Em qualquer cidade o lugar que mais gosto de andar é na rua mesmo. Fazer street e descobrir os obstáculos por entre as calçadas é melhor que uma pista para mim. Em Juiz de Fora, é bom andar domingo de manhã, por exemplo, já que não tem muitos carros e a gente pode andar à vontade pelo asfalto.

A cidade oferece condições para vocês praticarem o esporte?
No meu caso, que gosto mais de fazer street, acho que sim. Porém, a cidade ainda está um pouco deficiente se levarmos em conta as pistas da cidade. Mesmo assim, até os buracos servem de obstáculo pra gente brincar.

Você acha que deveria haver mais apoio da prefeitura?
Com certeza deveria existir apoio não só para o skate, como para qualquer outro esporte. O skate é um esporte que sofreu preconceito por muito tempo e, por isso, merece um pouco mais de atenção. Esse quadro tem mudado, mas falta muito ainda. 

Como você vê o skate no Brasil?
Como eu disse, durante muito tempo o skate foi banalizado, encarado como esporte praticado por vagabundo. Mas se vir de perto, pode até descobrir nos skatistas as pessoas mais humildes que conhece.Tem muito skatista até que trabalha, tem mulher e filhos. Esse papel do skate vem mudando bastante, principalmente com a mídia televisiva abordando o tema de forma descontraída e saudável.

Existe algum tipo de preconceito com quem pratica o skate?
Ainda existe sim preconceito com pessoas que praticam esse esporte, mas diminuiu bastante de uns tempos pra cá. Tomara que chegue a um ponto que as pessoas encarem o skate como qualquer outro esporte: saudável. 

O que o skate representa pra você?
O skate esteve presente na minha vida durante as melhores fases dela. Até me emociono quando vejo fotos antigas, andando com meus amigos. Mais que liberdade, o skate representa um pedaço da minha história.

Entrevista por: 
Raiza Halfeld - aluna da Faculdade de Comunicação da UFJF
Disciplina: Comunicação Comunitária
Profa Dra. Cláudia Lahni